Pousaste na mesma árvore que eu com o teu bando. Aos poucos foste-te aproximando do meu ramo e eu sempre a evitar que o fizesses porque era o meu espaço, era o meu mundo.
O teu assobiar era lindo, o teu canto fazia inveja a todos os outros pássaros e derretia qualquer ave que por ali passasse.Após muitas investidas conseguis-te que eu te deixasse pousar no meu ramo, entrar no meu mundo. Assobiamos juntos, cantámos juntos, demos longos passeios por estes céus maravilhosos e prometes-te nunca me trocar por nenhuma outra espécie, sabias como eras importante.
Gradualmente foste-te afastando, voando para outras árvores e abanando a asa para outras aves. É certo que vinhas ao meu encontro na mesma, mas eu já não era a única, já não era a principal, tu querias mais com que te distrair, querias outras que te levassem onde eu nunca tinha levado.
Nunca desisti, voei atrás de ti, cantei para ti, assobiei quando passavas por mim, mas tu…tu nunca deste valor aos quilómetros que percorri por ti.Mostraste a verdadeira ave que és. Uma ave traidora, sem moral e que tem como principal objectivo “bicar” todos os pássaros que se atravessem no seu ramo e papar todas as aquelas que caiam na tua “rede”.
Neste momento os pássaros como tu são uma desilusão, são algo que arruína a vossa espécie. Desgastei as minhas asas por ti, magoei-as em vão para que não fugisses e no final fiquei sozinha, porque cada vez que voo sinto que te vou ver a voar com outra.
*Não vou generalizar porque sei que nem todos são assim, simplesmente só encontro disto. Neste momento despedi-me de vocês, custa-me muito, porque de maneiras diferentes, são muito importantes para mim, mas de uma coisa podem ter a certeza, não me pisarão mais. Magoarem-me mais, eu não deixarei. Prefiro ser radical assim, porque o que me custa agora, vai ser bom daqui a uns tempos.*